domingo, 1 de abril de 2012

A matemática da lista de convidados

Quem já casou não sente saudade dessa parte. A repórter Danielle Sanches, casada há três anos, é uma delas e conta sobre a difícil e traiçoeira arte de criar a lista de convidados.
 E prepare-se, mesmo com tanta coisa para decidir (e financiar), você ainda corre o risco de ganhar o título de arrogante e/ou antipática!



Tiro o meu véu para quem terminar a lista de convidados de primeira.
 Eu não terminei. Fui escrevendo, riscando, reduzindo, aumentando, apagando... Resumo da ópera: essa etapa demorou meses para ficar pronta. Pudera: eu era a noiva, mas o casamento não era apenas meu, ora, ora. Os familiares de ambos os lados queriam participar e mostrar ao mundo como criaram maravilhosamente bem seus filhos. É muito amor para caber num bufê só!

Se nem o casamento de Kate Middleton, agora Lady Katherine, com o príncipe William ficou alheio a críticas pela ausência de diversas personalidades, por que o nosso escaparia de deixar alguém se sentindo preterido, sem o gostinho de um bem-casado? Alguma noiva se ilude achando que consegue evitar saia justa com os não-convidados? Mesmo se o noivo fosse negociador profissional...

Mesmo assim, Lady Katherine deu sorte. Pois a Michelle Obama e a digníssima esposa do Tony Blair não ficaram chateadas com ela, e sim com a avó dele. Porque, minha cara, montar a lista daqueles que prestigiarão o “sim” de vocês é, de todas as tarefas pré-casório, seguramente a mais ingrata. Em um esforço diplomático sem precedentes, temos que decidir quem vai e quem manterá a roupa de festa no armário, conciliar amigos fofos com conhecidos que precisam ser incluídos por mera formalidade e, ainda, os desejos dos pais de cada noivo. A cada baixa impiedosa, rolam nomes que vão carregar a mágoa do ostracismo social para sempre. Ok, para sempre é muito tempo. Mas a história provavelmente ressurgirá da tumba, de tempos em tempos, só para causar ainda mais desconforto na sua já envergonhada pele.

Descobri que não vivi sozinha esse pesadelo feito de planilhas de Excel. Noivas amigas e conhecidas me relataram que com elas foi a mesma confusão de sentimentos, veja só. Karina, médica do Rio de Janeiro, recentemente se casou e viveu a sua cota de angústia-barra-raiva-barra-desespero. No dia em que voltou, feliz, da gráfica, com exatos 300 convites individuais, ouviu seu pai dizer que convidaria mais 30 pessoas. Pânico instaurado, fez a única coisa que restava: reduzir a lista. Espremendo aqui, apertando acolá, ela acabou incluindo os convivas. E ainda suou frio quando voltou à gráfica. Noiva que é noiva sabe que convites adicionais custam muito mais. “Tive sorte, pois não deu tempo de começar a impressão e consegui fazer a inclusão sem custos”, me contou.








Anna, jornalista de São Paulo, de família grande, italiana e estreante no posto de noiva do clã, viu-se diante de exigências impossíveis de atender por parte especialmente da mãe. Resultado: apelou para o distanciamento emocional na hora de montar a sua lista. “Sentei em um café no shopping, longe de casa; e o máximo que minha mãe conseguiu foi reclamar pelo telefone”, relembra. A matriarca, segundo Anna, chorou, rangeu os dentes, fez chantagem emocional. “Deu tão certo que minha irmã mais nova está usando a mesma tática”, diz, rindo. Casada desde 2007, a hoje futura mamãe não se arrepende dos limites colocados. “Admito que fui grosseira algumas vezes, mas era isso ou ter que pagar boca-livre para pessoas com quem não tinha contato nenhum”, pondera.

De casamento marcado para julho de 2012, a engenheira paulistana Patrícia tem uma batata quente assando nas mãos: o próprio pai. “Ele se distanciou de casa há cerca de um ano, depois do divórcio”, revela a noiva. Como a separação não foi exatamente amigável, ela está temerosa do que pode acontecer ao colocar o ex-casal lado a lado ou pôr a mãe no mesmo ambiente dos tios paternos, que deram força para o fim da união. “Sei que todos serão civilizados, mas é uma situação bem desconfortável”, revela.


Falando em desconforto... confesso que eu também já estive do outro lado da moeda. Uma prima que foi convidada para o meu casamento (com o então namorado) simplesmente me deixou de fora da própria celebração. Eu e toda a minha família próxima. Descobri a traição pelo Facebook, onde as fotos do fatídico dia foram expostas sem pudores. Deixei um comentário desaforado e cínico, que recebeu uma resposta padrão igualmente aviltante. E concluí: fui vítima da guilhotina. De cabeça mais fria, alerto: evite os comentários maldosos como o meu e jamais faça promoção do próprio evento nas redes sociais, a menos que todos os amigos e familiares tenham sido convidados.

Qual é o docinho mais saboroso? Que modelo de vestido favorece o meu corpo? Cabelo preso em um coque ou em uma trança? Poxa vida, com tanta coisa para uma noiva decidir (e financiar), ela ainda ganha o título de arrogante e/ou antipática? A resposta é: sim. Sabendo que é impossível agradar a todos, choramos em frente ao espelho e nos braços do noivo que, coitado, já pensa em escapar de fininho mas a verdadeira anfitriã não deve descer do salto. Por isso, quando todos perguntarem quão feliz você está, diga a verdade: que curte demais preparar a maior celebração da sua vida, mas que vai ali ao lado buscar sua jarra de suco de maracujá ou fazer uma massagem relaxante porque, definitivamente, noiva também sofre! E como!

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